eu sou esse calango
rastejante queimado ao sol
seco
de couro escuro pelo sol
sou o que vejo no quadrante e sinto na pele
meu olhar vazado , abrindo estradas
mirando o nascente e ao poente
horizonteando a memoria do porvir
arde na boca o fermento da poeira
construindo a metafora de chao e betoneira
erguendo algo de futuro e destruiçao
sou esse rabo cortado e que ainda se mexe
balançando a cabeça num porem
sem saber se ainda estou vivo.
ergo no olhar a mesma pantera de rilke
de um lado a outro, subindo por tesouras
contornando bloco, vez ou outra, mudo de direçao
quando me vejo velho, barbudo,
noto que a cidade ainda nao e meu pai
e pergunto
onde andara meus filhos
entre blocos, ruas, e satelites adormecidas
Nenhum comentário:
Postar um comentário