Humberto Firmo - Calango do Cerrado

25 de abr. de 2012

de brasilia

eu sou esse calango rastejante queimado ao sol
seco
 de couro escuro pelo sol

 sou o que vejo no quadrante e sinto na pele
 meu olhar vazado , abrindo estradas mirando o nascente e ao poente
 horizonteando a memoria do porvir

 arde na boca o fermento da poeira
 construindo a metafora de chao e betoneira
 erguendo algo de futuro e destruiçao

 sou esse rabo cortado e que ainda se mexe
 balançando a cabeça num porem
 sem saber se ainda estou vivo.

 ergo no olhar a mesma pantera de rilke
 de um lado a outro, subindo por tesouras
 contornando bloco, vez ou outra, mudo de direçao

 quando me vejo velho, barbudo,
 noto que a cidade ainda nao e meu pai
 e pergunto
 onde andara meus filhos
 entre blocos, ruas, e satelites adormecidas

Nenhum comentário:

Postar um comentário