As velhas
resenha: Humberto Firmo
A peça , como num cordel de diálogos, é a
representação fiel ao mundo nordestino com suas características
peculiares: sofrimento, seca, retirantes, fala expressiva e ritmada tal
qual a vida das personagens.
Ao fundo é
como se ouvisse cantorias de viola e histórias contadas por vendedores
de folhetos. Uma trilha sonora carregada nas falas cadenciadas.
A
cultura popular evidencia-se no ambiente peculiar nordestino. O sotaque
peculiar ao tipo de vida vivida por seus personagens numa região
repleta de necessidades e vicissitudes que o destino provê aos seus
habitantes fracos corporalmente, devido a mazelas da vida que levam, mas
fortes em coragem e determinação pulsante e histórica. ( “Antes de tudo
um forte” no dizer de Euclides da cunha em “Os Sertões”).
Na fala de Mariana : “... Cada pessoa é um poço – e o que elas é fica escondido no porão...” (Cena 5)
denota a capacidade racional pragmática do conhecimento psicológico e
estrutural de um (mundo) modo de vida nordestino. Ambiente onde as
pessoas, por viveram em meio tão desértico de tudo, tendem a conhecer-se
a si mesmo e aos outros de um modo simples; porém repleto de conteúdo
prático e, ao mesmo tempo, totalizante.
O
drama vivido pelas duas mulheres é o sentido da rivalidade entre o amor e
o ódio; entre bem e mal, vida e morte. Num sertão onde preservar a
própria vida é a única solução. Como num desafio de viola, Numa
tentativa de sobreviver as intempéries e aos sacrifícios adjacentes da
terra.
Como em antigas cantigas de mal dizer e de escárnio, tradição dos tempos medievais, o texto teatral, num
trovadorismo seco, numa paisagem árida, corta a linguagem dos seus
falantes também secos e áridos. A voz dos que bradam por respeito,
dignidade e por um pouco de paz interior e prosperidade nessa terra do
Deus-dará.
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