Humberto Firmo - Calango do Cerrado

3 de jan. de 2014

Cosmético ateista


Você, idiotazinho ateu, como eu, 
vista-se com sua mais bela roupa 
quando vier falar de dogmas
e anti-qualquer-coisa.
Primeiro: seja sempre honesto.
diga que não sabe, quando não souber.
não seja mais um palerma falando por cotovelos alheios.

se não acredita, diga. 
não haverá rancor por baixo dos panos
nem haverá panos quentes para abrandar 
a fogueira em que nos queimam.

Se é para arder, que seja em plena luz:
fótons transpassando cada molécula
derretendo os mínimos detalhes
queimando os restos que nos convém, e contém.

Não precisa algum sorriso nos lábios
tudo é dor
arde! arder!
na famigerada consequência de atos opostos
que levam ao despudor de arcar com a ferida.

Despudor? Sim. Há de ser despudorado:
arque inimigo de si mesmo em moral e discernimento.

Acha-se sozinho?
então tá. mediocridade lhe abastece até o tálo.
Fogo queima. Água molha.
Decida-se!

Não sabe o que é thelema?
ah! absurda criatura, abra os olhos
o thelema do mundo está aqui há tanto tempo...
e você nem percebe o tanto que crescem as unhas.

Ateuzinho mimético, como eu,
que divisa algo superior sobre todas as coisas
e que, por baixo, reflete o eterno medo das criaturas que morrem.

Erga suas sobrancelhas 
morda parte de sua boca
belisque-se ao remoer a febre que mata:
o medo.

deixei algo de fora?


Humberto Firmo







Nenhum comentário:

Postar um comentário