Humberto Firmo - Calango do Cerrado

9 de jan. de 2014

Pra dar sorte



Já segui muito o coelho de Alice
persegui as pegadas que indicavam...
por dentre florestas imagináveis...
e em muitos buracos-portais eu entrei.

Sair era o problema
(entrar era tão fácil)
perder-se foi arriscado
mas consegui voltar aos velhos caminhos.

Na batalha de Dante
o bicho está morto
o que faremos com ele?
alguém tem de esconder sua face.

Alguém sabe onde esconder sua face?

Há olhos que vêem
são tantos...
mas quem olha realmente?
veja! tem alguém na esquina!

Comemos o coelho, estávamos com fome;
e os olhos dele pareciam me olhar
acendi uma fogueira e o assei
estava delicioso!

Alguém sabe onde esconder, restos,
de um coelho?
Não me venham com mágicas de cartola
desde criança eu sei que mágicos iludem.
e você, não sabia disso?

Tenho aqui uma carcaça
ossos e pelos por todos os lados
e uma mandíbula sem carnes.
Putz! não consigo ter um álibi.

Alice, você ainda é virgem?
nunca comeu um coelho?
sinta-se tranquila,
aquele cogumelo só nos fez sonhar
e viajar por entre portais.

O portal se fecha:
e, aqui, matamos nossa fome.
Coelhos se multiplicam
feito ratos em laboratórios.
Por mais um dia, ainda, estamos vivos!

Humberto Firmo - 01-2014

 

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