Humberto Firmo - Calango do Cerrado

19 de jan. de 2014

Antes que eu me esqueça


Antes que eu me esqueça

Quando eu morrer não será noticiada
a minha causa de morte.
Não será anunciado nos canais (ainda existem?)
da internet.

Amigos meus não saberão se eu morri
Ou se, simplesmente, eu sumi.

Quando eu morrer,
meus filhos irão achar que eu
fui ali e volto logo.
Mas que demoro pra cacete.

Os “não amigos”, os tenho? Irão sorrir.
Que bom. Rir faz bem.

Deixar bilhetinhos? Que nada, já escrevi demasiadamente.

Quando eu  morrer,
deixo essa mesma coisa que não consegui entender
e nem vocês, após séculos:  VIVER. Entenderam?.

Já morri? Não. Calma, ainda faltam alguns dias contados...
Todos temos os dias contados. Percebeu?

Alguns deixam um palavra de verbete.
Eu, deixo somente o que fui entre vocês:
a idiotice de ser, o absurdo de querer,
e as velhas anarquias que me consumiram.

Calma, ainda estou aqui:
pensando, repensando, tentando absurdamente ser e entender.

Quando eu morrer, não quero palavras em lápide.
me contenta, enquanto estou vivo, estar entre vocês:
ouvindo, reclamando, achando que tudo é uma besteira geral.

Aos que ficam,
pergunto: que merda é essa?

Melhor ouvir um velho rock’n’roll

Isso; toquem um velho rock’n’roll
in  memorian aos que já foram.

Humberto Firmo


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